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LISBOA CAPITAL VERDE


Fotografia de Ró Mar

"LISBOA CAPITAL VERDE DA EUROPA"

I

Abriu Lisboa os seus olhos para o futuro
Duma cidade verde com preclara esperança
E num sonho juvenil, em jeito de mudança,
Predispõe hoje as asas com algum apuro…

Sua raiz é frágil, e num terreno prematuro
Onde é urgente plantar mesmo qu´ em contradança,
Qualquer árvore que ainda hoje é uma criança
Pode, quiçá, fazer sorrir qualquer monturo.

A snobe Europa quer o verde para Lisboa,
Aquele verde que pra ela tem sido um fado,
Cantado num e noutro bairro em todo o lado

Num velho sentimento qu´ a cada hora soa.
Mas, oh destino, para uma viagem tão bela
Onde se encontra a imprescindível caravela?

II

Onde se encontra a imprescindível caravela?
Quiçá a vela quinhentista não vá em vão!
Içada na histórica bandeira portuguesa, lá navega ela
Replicando o Fernão de Magalhães, à proa da nação.

Lá vai ela p' los mares de olhos para o futuro,
Há tão pouco que partiu e já é tanta a saudade!
Lisboa, flor do Tejo que chora p' lo seu tesouro,
Sabe lá ela onde anda a lacrimal nacionalidade!

A réstia de verde fado é mote para o bailarico:
Lá vai Amália, por mares tão longe navegados,
De Lisboa a Tóquio num surto olímpico.

Oh, lavram os campos de provérbios sabidos
E o Adamastor hipnotizado p' la 'M.X' deixa-os alados!
Eis, a capital verde da Europa de água p' lo bico!

III

Eis, a capital verde da Europa de água p' lo bico!
Onde a água corre lesta no seu Rio Tejo
Sete Colinas ombreiam um local tão bonito
E nessa verdura há cultura que por aqui vejo

Depois do rio temos outras verdes verdades
As quais de si lançam em nós sua beleza
É Lisboa, a Capital com todas as qualidades
Uma Cidade que vive em si essa certeza

E eu adormeço com ela no meu olhar
E para sempre seu rio escolho pra amar
Pois de lá partiu a esperança dum Povo

Hoje repenso no que posso fazer de novo
E perco-me nesse olhar em que me renovo
Por desta urbe poder assim tanto gostar

IV

Por desta urbe poder assim tanto gostar
Transporta nos seus elétricos turistas
A Menina dos olhos, a Senhora, artistas!
Património d' aquém e além-mar.

Nos teatros, outrora monumentais,
Exibem peças de atores saudosistas;
Idos tempos à época, bestiais,
As suas grandiosas e alegres revistas;

No turbilhão da noite citadina nas tascas de bairros lisboetas,
Onde afagavam mágoas, já as acham obsoletas!
É nas docas dos cais que choram seus ais,

Não querendo continuar a história e seus anais!
Amores que agora escondem com reserva
São os da Severa que a memória conserva.

V

São os da 'Severa' que a memória conserva
E os artistas do Politeama dão-lhes mais paixão
No magno musical de Filipe La Féria, que grava
A Lisboa do século XIX, às Portas de Santo Antão.

Inaugurado o Fado em Portugal as portas abrem
A mais culturas e a Capital veste outra roupagem,
Evoluindo o traje consoante os anos que passam,
Aprende com a Europa mais uma filigrana pró coração.

Inaugurando de novo a sua zona histórica, desta feita
Na Pç. do Município, como "Lisboa Capital Verde".
Perante toda a azáfama não esqueçamos o dever de...

Honrar o compromisso de salvar o Planeta!
Criaremos com certeza diretrizes para a saúde
Da nossa natureza em consenso com a humanidade.

VI

Da nossa natureza em consenso com a humanidade,
Pede-se a todos urbanidade - "Esta cidade acalenta!"
Não serve mais tarde benzer com água benta.
Nada se resolve sem reciprocidade!

Que diga o rio onde se pesca o peixe,
"O mesmo que as varinas apregoavam".
Se houver quem deixe; nem com grande encaixe,
Ele deixará de ficar órfão!

E chorarão as nossas canoas por não poderem amarar
Nas águas do Tejo, que o Carlos tão bem soube cantar.
Inspiradoras de tantos poetas que em punho suas canetas,

Nas linhas impávidas de suas sebentas;
- Oh Alfredo, oh Ercília - Isto são as ferramentas!
A grandes fadistas letras, deram pra interpretar!

VII

A grandes fadistas letras deram pra interpretar
E que bem fizeram! Já há quem não queira
Outra coisa, senão beber água da torneira!
É bonito de ver os bebedouros prá sede matar

Em letras mais inclusivas e sustentáveis:
Na Capital bebem o animal e o seu dono
Assim ninguém fica ao abandono;
Compondo ambientes muito mais agradáveis.

Música que tem que ser bem ouvida
Lá por casa! Deixar de cantarolar na banheira
Não é má ideia pra correr menos água na torneira!

Porque sabemos qu' ela é o sustento da vida
Havemos de poupar mais qu' a chuva que fez,
Antes que a torneira matriarca feche de vez!

Sonetos Do Universo | 2020

 Autores:

I - Frassino Machado  https://www.frassinomachado.net/

II, V, VII - Ró Mar  https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

III - Armindo Loureiro  https://www.facebook.com/armindo.loureiro.

IV, VI - Rosa A. Domingos  https://www.facebook.com/rosa.domingos.

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